quarta-feira, 13 de abril de 2011

0800 e qualquer coisa

Maurício disca para 0800 e qualquer coisa, de uma repartição pública, para solicitar reparos no asfalto em frente a sua casa. Ao conectar-se com a repartição, ouve aquela musiquinha de espera durante uns quinze minutos. Em seguida, ouve a gravação de voz feminina, que diz:



-Bom dia, você está ligando para a ouvidoria da Companhia de Obras e Destruições do Estado, no setor de reclamações e afins, e sua ligação vai ser gravada, para a sua maior segurança, devido aos problemas que já tivemos com trotes, subornos, e ofensas em geral, gerando assim, mal estar e prejuízos para a nossa conceituada repartição.

Digite um, para falar sobre esgotos, dois asfalto, três remoção de entulhos, quatro capina, cinco remoção de animais mortos das vias publicas, seis poda e corte de árvores, sete limpeza de praças públicas, oito reparos na iluminação pública, nove para reclamar do nosso atendimento.

Ele digita dois, asfalto, e novamente aquela voz diz outras opções: Digite um, para falar sobre a taxa de asfalto, digite dois para falar sobre concerto de buracos no asfalto, digite três para falar sobre remoção de entulhos do asfalto e digite quatro para saber se a sua rua será asfaltada logo.

Ele digita dois, sobre concerto de buracos no asfalto, e voz diz as opções: Digite um para falar sobre o tamanho do buraco no asfalto, digite dois para falar sobre a profundidade do buraco no asfalto ou digite três para falar sobre o diâmetro do buraco no asfalto.

Ele digita o três, diâmetro do buraco no asfalto, e a voz diz: Digite um para falar sobre o diâmetro do buraco no asfalto com mais de cinqüenta centímetros, digite dois para falar sobre o diâmetro do buraco no asfalto com mais de um metro ou digite três para falar sobre o diâmetro do buraco no asfalto com mais de cinco metros.

Ele digita o três e a voz continua: Digite um para falar se você caiu no buraco, digite dois para falar se o seu vizinho caiu no buraco, digite três para falar se um veículo foi tragado pelo buraco ou zero para voltar para o menu anterior.

Ele digita o dois, e a voz diz: No momento, não poderemos atender, todos os nossos atendentes estão ocupados, ligue mais tarde.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Ele com ela, ela com ele. E quem conosco?

- Pois é, precisamos discutir a nossa relação! – disse Amanda
- Agora? – perguntou Aurélio.
- E tem outro momento?
- Sim, amanhã cedo, agora estou com sono e vou dormir.
- Mas, o que preciso lhe dizer, é muito importante, e isso está me atormentando, precisamos resolver algumas coisas.
- Contas para pagar? Filhas malcriadas? Sua mãe te ofendeu de novo?
- Não, é a nossa relação que precisamos conversar e não as paralelas.

Alberto, virou-se para o outro lado e pegou no sono. Amanda, ainda o cutucou para acordá-lo, mas, em vão.

Na manhã seguinte, Amanda acorda com o barulho da descarga no banheiro. Aurélio, já estava de pé, pronto para sair ao trabalho.

-Aurélio, aonde você vai? Ainda é cedo para você ir ao trabalho!
- Hoje tenho reunião, preciso correr! À noite discutiremos nossa relação. Eu já tenho a minha pronta, você tem a sua?
- O que?
- Relação! Relação de problemas para colocarmos em pauta.
- Você não está levando a sério o que tenho para lhe dizer, não é Aurélio?
- Até mais.

Aurélio pegou a pasta e dirigiu-se à porta do quarto, deixando Amanda ali na cama, furiosa.

O dia passou e Aurélio retornou à casa. Amanda o esperava, com a mesa exposta para o jantar, sentada à cadeira. Ele a cumprimentou e subiu as escadas, em direção ao quarto do casal. Amanda o acompanhou com seu olhar, até ele entrar no quarto.

Após alguns minutos, ele saiu do quarto e entrou no banheiro, com a toalha e o pijama sobre o braço, trancou a porta e foi para o banho. Ela esperou o marido, até ele sair do banho.

Quando Aurélio saiu do banheiro, ela o chamou. Ele, vestido de pijama, desceu as escadas, dirigiu-se para a mesa do jantar e sentou-se à mesa.

- Bem, agora vamos discutir a nossa relação! – disse ela.
- Antes vamos jantar, após, falaremos – replicou ele.
- Não, o que tenho a lhe dizer é muito importante! Estou conhecendo uma pessoa.
- É? Eu conheço várias pessoas. Cada dia uma nova, entra para a minha lista de clientes.
- Não é de qualquer pessoa que estou falando!
- Alguma sumidade?
- Para mim, é! Estou apaixonada por um homem.
- Fazia tempo que você não me dizia isso!
- Não é por você!
- Seu pai já faleceu! Só temos três filhas e sobrinhas. Então por quem?
- Pelo Geraldo!
- Eu conheço?
- Não.
- Ele é algum leiteiro, açougueiro ou gerente das Casas Bahia?
- Não.
- Então é o entregador de pizza?
- Não! Ele não é daqui. Eu o conheci no curso de gastronomia do ano passado.
- Cozinheiro?
- Cozinheiro não! Chef Des Cuisine!
- Hum, que sofistication!
- É da Bahia!
- Bom, quase acertei quando disse que era gerente das Casas Bahia. Então não poderia ser Chef Des Cuisine, e sim Chefo da cuzinha! He He He.

Amanda deu uma garfada na comida, levantou-se e subiu furiosa para o quarto, dizendo:

- Você não está levando esse meu problema mesmo a sério!
- Quantos anos ele tem? – perguntou ele, enquanto ela subia as escadas.
- Vinte e trêz!
- O que? Vamos adotar mais um filho para criar?

Ela parou no meio da escada, virou-se para o marido e replicou:

- Preconceituoso!
- Preconceito eu? Imagine! Você é apenas trinta e sete anos mais velha que ele! Idade até para ser avó do garoto.

Ela terminou de subir as escadas e dirigiu-se para o quarto.

Aurélio, pensativo, terminou o jantar e sentou-se no sofá, ligou a TV e ali após alguns minutos, adormeceu. Horas mais tarde, dirigiu-se para o quarto, deitou-se junto à esposa e a cutucou para verificar se ela ainda estava acordada.

- O que você quer? – perguntou ela.
- È que eu também preciso te falar uma coisa importante!
- Que você me ama? Agora, depois de 18 anos que você vem com essa conversa?
- Não! Eu também me apaixonei por uma pessoa.
- Você é Gay?
- Não, né? Me apaixonei por uma garota. Ela tem dezoito anos.
- Há há há! Você vai adotar uma neta para criar?
-Sabe de uma coisa Amanda? O meu concorrente tem que depositar amanhã R$ 1.000,00 na minha conta!
- Por que?
- Se ele quer dividir o play- ground comigo, também terá que dividir as contas da casa.
- Então pede para a minha concorrente vir fazer uma faxina geral aqui em casa, toda semana! Se ela quer dividir o play ground também, então vai ter que contribuir aqui em casa.

Na manhã seguinte...

- Aurélio, você não vai levantar para trabalhar?
- Hoje é sábado, esqueceu?
- Sábado? Chi, preciso levantar, tenho que sair!
- Vai ver o meu concorrente?
- Não, eu vou levar a nossa filha Margarida no shopping para ela comprar o presente de aniversário para o namorado dela.
- Falando nisso, eu também preciso comprar um presente!
- Para a minha concorrente?

 Não, para o meu chefe que também faz aniversário. Mas, à noite eu vou sair com ela. Vou levá-la numa pizzaria. Por que você também não leva o meu concorrente

Foi o que fizeram. Ao irem à pizzaria, cada um levou o seu novo amor. Na pizzaria, sentaram-se os quatro numa mesa, Aurélio fez as apresentações e Amanda também.

Ao terminarem o jantar, despediram-se para irem embora. Mas, como Aurélio havia tomado todas e estava bêbado, não tinha condições de dirigir seu veículo e levar consigo sua nova namorada para casa. E como o namorado da Amanda estava lúcido, então combinaram dele levar a namorada do Aurélio para casa.

Amanda também lúcida, foi quem levou o marido, embriagado, para casa. Assim, trocaram os casais.

Atualmente, Amanda e Aurélio, continuam juntos, e o namorado e a namorada de ambos, se casaram. Eles tem dois filhos!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Amor de alma

O amor que sinto por você,
Não é somente de corpo,
É um amor de alma também,
Eu amo uma pessoa.

Se o corpo tem idade,
A alma, não,
No toque de dois lábios,
Manifesta-se a paixão,

O fogo ardente do amor,
Cessa, após o prazer,
Mas, o amor de quem ama de alma,
Permanece eternamente.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

sábado, 25 de setembro de 2010

Por um ponto

Cezário não gostava de estudar, fez o primário nas coxas! Repetiu duas vezes no segundo ano do primeiro grau, três vezes no terceiro e duas no quarto.

No segundo grau não foi diferente.

- Filho, você não tirou o diploma novamente este ano!
- É pai, o professor de matemática me deixou por um ponto!
- Então, amanhã mesmo, nós iremos ao colégio verificar as suas provas.

No colégio, o pai do rapaz, participou da reunião de conselho e foi informado que nas matérias de português, matemática, inglês, ciências e outras, com exceção de atividades recreativas, fora mal. Tirou a média 1,5. Por isso, ficou retido na primeira série.

Com muito custo, somente no ano seguinte, Cezário recebeu o diploma e matriculou-se no colegial. Durante os oito anos de curso, não foi diferente.

Cezário deveria ter estudado muito. Ficar um ano abstendo-se de baladas, festas, cinemas, namoro, iversões em geral. Seu objetivo deveria ser, estudar para passar no vestibular. Só deveria sair de casa para o ursinho e do cursinho para casa. Teria que almoçar, jantar, ir ao banheiro sempre com as apostilas na mão.

Passar no vestibular para ingressar na universidade pública, era o sonho dos pais. Nem tanto o dele, senão teria feito tais sacrifícios.

Ia para o cursinho a fim de ver a galera, paquerar as professoras e passear com o grupo de amigos no shopping.

No dia da prova, estava nervosíssimo! Pudera, nem pegou nas apostilas.

Durante a prova, foi um sufoco danado! Na redação, o muito que conseguiu escrever, foi duas linhas de baboseiras.

Depois de uns dias, seu pai fez questão de ir com ele na faculdade para saber o resultado das provas. Mesmo sabendo que fora mal, o rapaz tinha que encenar toda a trajetória de um vestibulando preocupado em entrar na universidade. Afinal, estava sendo pressionado pelos pais.

As listas estavam afixadas no mural. Cezário, com seu pai ao seu lado, correu o dedo sobre os nomes dos candidatos aprovados. Obviamente não viu o dele.

- Será que estou vendo a lista certa? - perguntou para o pai.
- Vamos conferir de novo filho! - respondeu o pai, acreditando num possível erro da lista.

Conferiram a lista várias vezes, até com a ajuda de amigos. Não encontrou seu nome. Foram na secretaria verificar o que houve com a classificação. Cezário foi tão mal nas provas que seu nome não constava nem na lista dos reprovados!

Chegando em casa, teria que dar a notícia à sua mãe, a seus tios e avós que o esperavam ansiosamente, num clima de festa, com direito a balões coloridos.

- E ai filho, qual foi a sua classificação? - perguntou a mãe.
- Vou precisar recorrer, não quiseram me aprovar! Fiquei por um ponto.

Depois de uns três anos tentando e ficando por um ponto, entrou na faculdade.

Do primeiro para o segundo ano, ficou por um ponto por que o professor de economia o perseguia, do segundo para o terceiro, ficou por um ponto porque brigou com o filho do professor de estatística, no segundo ano do curso, teve que trancar a matrícula para casar. Depois de uns três anos continuou os estudos.

Chegou a sua grande oportunidade. Inscreveu-se para o concurso público para concorrer ao cargo de escriturário. Desta vez, ele estudou muito. Fez tudo direitinho.

No dia da prova, acordou cedo, tomou o café, aprontou-se e seguiu para o local do concurso. Pegou o ônibus, o metrô e depois outro ônibus. Mas ele nem estava atrasado e nem adiantado. Estava no tempo contado. Chegando próximo ao local do concurso, puxou a campainha e desceu do ônibus.

O local do concurso era uma Universidade. Procurou pelas imediações mas não viu nenhuma. Ele foi até um bar e perguntou, onde ficava a Universidade Jubileu.

Fora informado que a universidade ficava próxima ao ponto final, que ele havia descido um ponto antes do final.

Cezário correu muito, chegou no local do concurso com um minuto de atraso. Os portões estavam fechados e não foi permitida a entrada dele para prestar o concurso.

O rapaz, chateado, retornou para casa sem fazer a prova, ou melhor, perdeu a prova. Chegando em casa...

- Já acabou a prova filho?- perguntou o pai.
- Viu como foi bom ter estudado? Acabou a prova primeiro que todos!- elogiou a mãe.
- Não fiz a prova! - disse o rapaz desanimado
- Mas, por que? – perguntou o pai.
- Quando cheguei na escola, os portões tinham acabado de fechar, cheguei um minuto atrasado e não deixaram eu entrar.
- Mas você saiu de casa bem cedo! O que aconteceu? - perguntou a mãe.
- Desci do ônibus um ponto antes e tive que andar quase um quilômetro.
- Já sei, você perdeu a prova, por um ponto! – disse o pai.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

A paixão não tem cura

A paixão é uma doença muito grave.
É um sério problema cardíaco,
Silenciosa e não tem cura!
Mas pode ser controlada.

Evite tudo que te faz lembrar da pessoa amada,
Não fique sozinho,
Ocupe a sua mente,
Músicas de fossa, nem pensar!

Filmes românticos, evite!
Quando a saudade apertar,
Vá a um estádio de futebol!
Convide os amigos e extravasa-se.

Antes de dormir,
Leia um livro de aventuras.
Ao acordar,
Pule da cama e tome uma ducha fria.

Não deixe se abater!
Se os sintomas persistirem,
Procure um especialista do amor.
Ele poderá amenizar a sua dor.

Regina Duarte lê Monteiro Lobato.wmv